Os olhos dela estavam vermelhos, metade devido ao cansaço, metade devido às lágrimas que eram as únicas coisas capazes de amornar sua pele gélida. A noite estivera fria, assim como aquela manhã de céu claro estava; as nuvens passeavam despreocupadamente pelo céu mas ela não tentava achar formas no alto, ela tentava apenas manter o foco naquela sua prece pagã.
As portas da sala de cirurgia foram abertas por volta das 3:40 da manhã, mas ela só viera a ter notícias concretas meia hora depois. Mesmo com todas aquelas séries médicas que ela assistia, o paciente estável e em observação podia morrer no final do episódio por uma complicação ou um detalhe que passou desapercebido por seus atendentes, por outro lado, pacientes com 5% de chances poderiam sobreviver apenas por serem protagonistas e era naquilo que ela pensava: o rapaz era um dos protagonistas daquele sonho e ele ficaria bem.
A "missão" que protelara por tanto tempo precisava ser cumprida, sem números de telefone e aquela hora da manhã poderia se agarrar a uma possibilidade minúscula: não dizem que a internet encurta distâncias? Hoje, mais do que nunca, aquilo precisava ser verdade. Para por em prática o seu plano, precisou por o orgulho de lado e dirigir-se àquela recepcionista dos infernos.
- Eu preciso de um favor... O Doutor pediu que eu avisasse à família do rapaz sobre o que aconteceu, mas eles estão fora da cidade, não tenho outro meio de contato senão a internet. Teria algum canto assim por aqui que eu pudesse usar um computador?
A mulher olhou demoradamente para a sua face, mas parecia menos rígida e mais compreensiva; a jovem pediu por favor que aquela impressão fosse concreta e, ao que parecia, as coisas estavam funcionando para o seu bem.
- Venha comigo... Seguiu o encalço da mulher até que ela a conduziu a uma saleta com duas máquinas e um único funcionário. - A garota vai usar um dos computadores. Alertou ao homem. - Seja breve. Foram suas únicas palavras antes de fechar a porta atrás de si.
Enquanto esperava a conexão do mensageiro instantâneo, estralava freneticamente os nós dos dedos, esperando que aquele grupo de conversa esquecido pelo tempo fosse a salvação de seu plano mal elaborado. Mal elaborado não por não saber o que fazer, mas por não saber como fazer.
Quando estava finalmente conectada deu último suspiro aliviado antes de dar o primeiro agoniado. Encarou a janela aberta por um longo momento até que seus dedos estavam certeiros demais no teclado, como se ela soubesse o tempo todo o que dizer, como se expressar.
sábado, 26 de dezembro de 2009
~ Você não me conhece, mas eu trago más notícias
Postado por Lena Araújo às 01:51
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1 comentários:
Tô ficando viciado nisso.
=D
Quero a continuação...
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