Com a cabeça ainda meio tonta, ela voltou à sala de espera. Não tinha certeza de como proceder dali para adiante, só sabia que precisava esperar. Esperar era exatamente o que ela tinha feito pelos últimos meses, embora nem soubesse disso. Sentou-se em uma das cadeiras e apoiou a testa nas mãos, já cansada de olhar para o relógio desacelerado. Não sabe se dormiu ou simplesmente ficou ali tão imersa em seus pensamentos que não notou o sol ficar cada vez mais alto ou a intensificação do movimento por ali, o fato é que, quando despertou, assustou-se com a hora à sua frente. Passava do meio dia.
Esfregou os olhos na intenção de manter-se desperta, vasculhou o ambiente ao redor: nenhum rosto conhecido, nada que pudesse fazer seu coração aquietar-se. Dirigiu-se à recepcionista pela qual começara a nutrir o mínimo de afeição.
- Oi...
- Olá. Você quer notícias no rapaz, não é? Tive pena de te acordar quando os exames ficaram prontos. Ele está bem, estável e fora de qualquer risco, passou pro quarto e já está até com visitas.
- Visitas...? Os pais dele já... A confusão em sua face era palpável, mas aos poucos foi se lembrando de quantas caixas postais visitara na madrugada. Verificou as últimas ligações no celular e lembrou-se que não estava sonhando quando falara com aquela garota. - Será que eu podia... em que quarto ele está?
Orientada pela recepcionista, enfiou-se nos labirintos que eram aqueles corredores de iluminação fraca, quando chegou ao quarto indicado, um enfermeiro acabava de fechar a porta atrás de si, permitindo que a garota divisasse algumas silhuetas conhecidas e ouvisse meia dúzia de vozes animadas.
Deu meia volta e viu-se novamente de frente a recepcionista que lhe encarou com um ar de dúvida e certo constrangimento; tudo estava tão legível assim nas suas expressões? Esperou que não, controlando-se para manter os fluídos dentro do seu corpo.
- Agora que ele está bem eu vou para casa descansar. Mais tarde eu ligo pra ter mais notícias. Desculpa... acho que ainda não perguntei o teu nome. O cansaço em sua voz parecia mais forçado que o natural, ela odiava dar desculpas, mas odiava ainda mais sentir-se daquela forma.
Guardou o papelzinho com nome e telefone no bolso da calça, acenou brevemente pra mulher e cruzou as portas do hospital, o coração continuava acelerado, todo o rosto formigava, mas ao menos ela sabia que o rapaz estava bem.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
~ De Volta à Sala de Espera
Postado por Lena Araújo às 08:20
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