Sabe todos aqueles clichês que você vivia ouvindo as pessoas falando e fazia cara feia pra isso? Pois é, eu sou uma daquelas que virava a cara quando alguém dizia Felicidade é igual a uma borboleta: quanto mais você corre atrás, mais ela foge... Daí um dia você se distrai e ela pousa em seu ombro! ou alguma outra dessas frases prontas, mas hoje tenho que dar minha cara à tapa e dizer que sim, nossa vida é cheia desses clichês e é tão surreal quando você tem vontade de dizer isso.
Claro que eu não direi, primeiro porque eu sou orgulhosa demais para isso, segundo porque acho brega e feio mas agora olho as pessoas que usam essas fórmulas expressivas com olhos mais benevolentes, por assim dizer; não me sinto mais inclinada a chamar alguém de estúpido por dizer uma frase dessas, afinal, nem todos conseguem de expressar tão bem com suas próprias palavras e isso é um fato. Eu, que tenho a escrita como uma de minhas paixões, nem sempre consigo expor o que sinto com palavras próprias, e vocês, minha cara meia dúzia de leitores, como diria um amigo, têm no texto antecedente um claro exemplo disso.
Agora, para não começar a escrever balela demais, vou dormir, porque Deus ajuda quem cedo madruga.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
~ Fórmulas Expressivas
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sábado, 6 de fevereiro de 2010
~ Parafraseando
"Não estou nos meus melhores dias. Ando descobrindo muita falsidade, mentira e interesse a minha volta. Muita coisa podre! Como sempre a vida me pregando peças e me derrubando, mas ainda não cansei de me levantar. Ando rodeado de pessoas que de certa forma me usam como uma escada para alcançar seus interesses, o ser humano é o animal mais podre que existe, é claro, existem as suas exceções. Hoje depois de tantas mágoas e decepções, nada mais me surpreende, o que me resta são apenas marcas e lugares para serem feitas novas cicatrizes.
Nesses 20 anos é claro que tive muitos momentos felizes, não sou tão egoísta o bastante para negar, porém naquele momento as tristezas supriam qualquer momento de felicidade ou qualquer coisa que pudesse me trazer a felicidade. Hoje estou aqui, me sentindo excluído , não da minha vida familiar ou sentimental, mas em relação à meus amigos. Pessoas que prezo e que muitas vezes determinava meu tempo a eles, afim também de ter pilantras para me ajudar a permanecer em pé, no topo, como fui um dia para cada um.
Preciso de um tempo sozinho, um tempo meu, para que eu possa colocar coisas pendentes no lugar. A vida sempre insiste em me dar muitas e muitas rasteiras. Muitas vezes fui julgado por coisas que eu não sou, ou por coisas que eu não fiz, normal... Mas isso vindo de uma pessoa que você respeita e sempre quis o melhor, machuca muito, principalmente quando você vê que anos de amizade estão se perdendo no tempo, se perdendo em outras pessoas...
O Ser humano tem mania de não querer reconhecer seus erros por orgulho, ou até mesmo sempre querer serem os donos da verdade. Eu particularmente não sou assim, e me sinto feliz por isso. Sei muito bem reconhecer quando estou errado, mas também sei reconhecer quando estou certo, e aí vou tentar mostrar que estou até o fim. O problema é que a humildade nem sempre resolve as coisas. Eu sempre digo que uma conversa sensata é o melhor meio de chegar a alguma conclusão, mas nesse caso uma conversa poderia piorar a situação.
Palavras e ironias machucam mais que um murro na cara, ainda mais ouvir isso de pessoas que você ama de verdade. Chega uma hora que você cansa e desiste de tentar. É aí que ficar sozinho acaba sendo a melhor saída, e o silêncio se encaixa melhor que frases.
Melhores amigos vêm e vão, em nossas vidas. Alguns permanecem por muito tempo, e os que ficam não são por acaso, mas o triste é saber que um dia, mesmo esses que permaneceram, também se vão. Você não precisa se mudar de cidade, não ter tempo pra sair, ou até mesmo estar com outra pessoa para se sentir distante de um amigo, podemos sim, ter uma distância muito superior a isso estando com a pessoa ao lado e não sentir aquela presença de antes. É aí que você começa a perceber que as coisas mudaram e que nada mais é como antes. [...]"
Esse texto não é meu, mas senti a necessidade de publicá-lo aqui por soar como tudo aquilo que tem se passado pela minha mente. Sem dramas, sem mimimis, apenas incompreensão.
Texto original: Vieira Neto
Amigos para sempre? Apenas na memória.
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
~ Playground
Ela era mais baixinha que as outras crianças da sua idade, mas nunca deixou que aquilo lhe fizesse menor que os seus coleguinhas. Sempre ficava na frente das filas; por sua estrutura pequena, era uma das mais ágeis de sua turma, o que a fazia ser sempre uma das primeiras escolhidas quando seus amigos iam tirar o time para alguma brincadeira. Eu nunca pude falar com aquela garotinha de pouco menos de um metro e meio, mas ela me ensinou, no auge de sua alegria, que aquilo que os outros chamam de defeito pode se tornar sua melhor qualidade, desde que você saiba como agir.
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
~ Outonos
Convide-me está noite
Porque eu sei que pela manhã
Você terá ido embora
Esse era o terceiro mês que eles se encontravam, sempre às oito da noite no parque da cidade. Ele a seguiu por dias, atraído por seu cheio e pela sua pele pálida que deixava tão visíveis suas veias e ela, sempre tão cuidadosa, andava pelos locais mais movimentados e iluminados; foi assim que ele a conheceu rapidamente de uma forma tão íntima, sabia seus gostos e vontades, como soava o barulho de sua respiração ao dormir e a melhor posição pra estudar. Com um arriscado plano se apresentou a ela, que não demorou a se encantar por sua maturidade e sapiência, ainda que tivesse um rosto tão belo e jovem. Tornaram-se amantes antes mesmo que a lua completasse uma fase, era um sentimento tão verdadeiro que ele não queria perdê-la, mas também não poderia enganá-la. Assim, contou-lhe sobre sua natureza noturna, a fez entender porque nunca a vira enquanto o sol estava brilhando no céu.
E desta vez
Minhas folhas não cairão
Não me sentirei tão vazia
Como eu me sentia
Em outros outonos
Aquela havia sido a última noite a preceder todo um dia de espera, com um beijo, ele a manteve a seu lado por toda a eternidade, nas horas de luz ou de trevas, estariam lado a lado, como ficam os amantes. Seu corpo estava mudando, seus sentidos tornavam-se mais e mais aguçados, sua capacidade de percepção era gigantesca. Havia uma completude no modo como se olhavam e se orientavam em torno um do outro, ambos sentiam-se plenos novamente; ele, após séculos de vida tinha um bom motivo pelo qual ter morrido e ela encontrou uma razão para morrer.
Sua ausência sempre antecedeu
Meus invernos
Mas as minhas frágeis folhas
Desta vez não irão amarelar
Os dias negros dele ficaram para trás, foram anos, décadas com o desejo de por fim a sua medíocre existência, assim como o coração dela não estava a ponto de se machucar novamente, como sempre acontecia a cada paixão que tinha. Estavam firmes e inteiros daquela forma: juntos.
Meu coração está maduro
A ponto de cair no chão
Entretanto ele se manterá firme
O amor que nutriam um pelo outro foi crescendo e se solidificando com o passar dos dias, a eternidade parecia pouco para tanto que tinham a descobrir juntos. Não que ele pensasse sobre o futuro, mas se o fizesse se veria junto a ela, mais enraizados um dentro do outro do que uma árvore que se prendia à terra.
Minhas folhas só cairão
Quando eu estiver pronta
E eu não me sentirei tão vazia
Como eu me sentia
Em outros outonos
Já ela, gostava de imaginar como seria com o passar dos anos. Era mais realista e monos utópica, talvez ainda muito atrelada a sua antiga humanidade sempre pensava que não seriam criaturas eternas e que um dia ela teria de deixar o mundo, mas tinha a certeza de que quando o fizesse, o faria ao lado dele e continuariam tão completos quanto estavam hoje.
Música: Outonos - Lebre de Março
Letra: Rafaela Cabral / Arranjo e Melodia: Anderson Aredes
Ouçam em: PureVolume
Texto: Lena Araújo
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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
~ Rastros
Ela saiu, trancou a porta atrás de si, passou os dois cadeados no portão que nunca mais voltaria a destrancar. Partiu assim, de repente, sem maiores explicações ou motivos, simplesmente aconteceu, como uma insuficiência respiratória ou parada cardíaca. Uma partida tão natural que nada constava nos documentos expedidos após a violação de seu corpo, aquele recipiente que havia guardado seu espírito por tanto tempo.
Mas dizer que ela havia desaparecido era um erro, aquela casa estava impregnada de seus rastros, a cada metro havia algo que lhe trazia à mente. A roupa suja jogada sobre o mármore frio do banheiro, a meia dúzia de copos meio cheios espalhados por cima dos móveis, a sala de televisão amontoada de jogos e filmes não guardados, as plantas que cresciam em cantos estratégicos da casa (mas ninguém sabia) e casa milímetro de seu quarto, tão impregnado por aquele cheiro doce e amadeirado, uma contradição por si só assim como ela mesma se enxergava na maioria do tempo. A pilha de livros que foram devorados duas ou três vezes por ela metodicamente organizados na estante, a cama bagunçada com um edredom meio amarrotado, as roupas jogadas em cima do sofá e os vidros de esmalte espalhados pelos cantos.
Ela retornou, passou pela grade trancada deixando inviolados os cadeados que a trancavam e finalmente pode reparar o quão parecida consigo era aquela casa: espaçosa e vazia, cheia de uma vida pouco cuidada crescendo ao seu redor. Passou pelos cômodos, detendo-se em cada um deles por alguns instantes e fechando os olhos como se pudesse reviver momentos que não voltariam. Quando voltou ao seu quarto, encolheu-se na cama mas não sentiu o calor confortável do cobertor e foi quando olhou pro lado, para o porta retrato ainda vazio que ela percebeu: havia ido cedo demais.
Postado por Lena Araújo às 12:06 0 comentários
sábado, 16 de janeiro de 2010
~ Interrogação Cartesiana
Ela nunca soube exatamente o que queria. Ele, sempre soube o que não queria. E assim, a vida de ambos se cruzavam de modo tão singular que nada na geometria poderia explicar. Enquanto ele a tangia em todos os pontos possíveis, não havia um só ponto na reta dele que a fosse comum. E assim, eles seguiram adiante daquela forma inexplicável, onde só uma das partes estava tangenciando a outra sem que a outra a fosse tocasse de volta.
Postado por Lena Araújo às 02:41 0 comentários
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
~ Eu Lírico
Não cabe aqui usar a terceira pessoa, como é de costume, porque isso não trata-se de uma crônica, uma situação, um sonho ou qualquer outra coisa que eu tenha sido registrada aqui. Trata-se, dessa vez, de sentimentos. Não que as postagens até aqui não estivessem repletas deles, sim, elas estavam e irão continuar estando; eu posso ter até emprestado alguns sentimentos próprios a essas linhas que ficaram para trás, mas agora, cada palavra, cada frase formada está transbordando desses malditos sentimentos que eu não consigo selar.
Já tentei escrever outras coisas, ler, jogar, dormir e conversar, mas nada que eu possa fazer parece preencher esse vazio porque a única coisa que seria capaz de fazê-lo nesse instante eu sei que é impossível. Hoje, mais do que nos últimos dias, me sinto como uma criança que precisa de colo, tanto que passei a tarde na cama da mainha lendo enquanto ela via filme do lado, mas ainda sim não foi o suficiente pra preencher esse buraco.
O dia parece mais frio – o que de fato está, mas desde quando essa sensação térmica foi do meu desagrado? Desde que tudo ficou mais vazio, mais quieto, mais sério, mais distante...
Me sinto impotente diante de certas coisas ao mesmo tempo em que eu me sinto demais para elas, é como se eu pudesse controlar toda a água do mundo e tentasse apagar o incêndio de uma floresta que quer pegar fogo. Confuso, não? Eu também penso assim, penso demais até. Não paro de pensar um maldito segundo e tudo que eu mais desejo é que eu possa trancar novamente todas as malditas janelas da minha mente, selar as portas e cobrir as entradas de ar.
Eu queria, só por hoje, ser uma personagem de algum desenho capaz de se teletransportar para outro canto, e que estivesse em seu dia de folga, sem se importar em salvar vidas ou até mesmo salvar o mundo. Odeio me sentir apegada, dependente, fraca, mas só por hoje, só por agora, eu preciso me dar a esse direito. Só por hoje eu queria um abraço apertado e um cafuné. Só por hoje eu queria uma segunda casa para onde eu pudesse fugir e comer chocolate. Só por hoje eu me permito ser meu próprio eu lírico.
Postado por Lena Araújo às 01:08 3 comentários