tag:blogger.com,1999:blog-83946860511813481982023-11-15T15:47:11.363-03:00~ Ain't Your Fairy Tale ~This is not a story I tell of midnight, moon and sunLena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.comBlogger34125tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-4902864717322075192012-03-04T00:23:00.000-03:002012-03-04T00:24:09.324-03:00Agora em: http://arenotyourfairytale.wordpress.com/Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-51664018761731241142010-10-17T09:53:00.001-03:002010-10-17T09:55:01.945-03:00~ Visitantes Permanentes<p align = "justify">Aquelas presenças estranhas já haviam se tornado familiares para a garota. No começo, ela tentou exorcizá-los, mante-los longe protegendo a si e a sua casa, mas nada parecia surtir um efeito muito concreto. Quando ela já estava esgotada eles iam embora e ela seguia com sua vida, quase acreditando que era como qualquer outra da sua idade. Vã ilusão. Eles voltavam, e voltavam renovados, cheios de novidades que jogava descuidadamente sobre ela.<br /><br />E ela era só uma humana. Ok, ela não era uma humana comum, mas não tinha superpoderes nem nada do gênero, só uma sensibilidade maior para as coisas que estão perambulando entre o inferno e o céu. Às vezes, ela até gostava daquilo, porque, digamos que sua sensibilidade era um tanto quanto mais abrangente e, se pudesse escolher, ela era hipócrita dizendo que deixaria tudo de lado.<br /><br />Tudo aquilo tinha uma série de contras, mas ela adorava os prós! Talvez por isso, aprendeu a conviver com seus inquilinos, já não se incomodava d dividir um quarto e uma sala, desde que eles mantivessem o mínimo de discrição quando havia gente tangível por ali. Sendo bem sincera, ela até que gostava daquelas companhias estranhas; havia desistido de exorcizá-los, mas nunca venderia sua alma, principalmente agora que sabia que não eram só os demônios que estavam interessados nesse tipo de negócio.<br /><br /><p align = "center">Vil essa dor que ninguém vê<br />Anil era a cor que mudou de acordo com o que você sentiu.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-86182398007801512822010-10-08T22:40:00.001-03:002010-10-08T22:42:10.766-03:00~ Old Town [Parte 01]<p align = "justify">A mulher acordou com um sobressalto. Seu cabelo escuro e ondulado estava grudado ao seu colo, podia sentir o suor escorrendo por dentro de sua blusa. A claridade ali era insuportável, mas que raios de lugar fora aquele em que ela havia se enfiado na noite anterior? Precisou piscar um par de vezes para que seus olhos se adaptassem à claridade exacerbada que entrava pela janela. Janela, porta, paredes... tudo ali parecia destruído, o reboco aos pedaços em alguns pontos do cômodo, janela e porta corroídas pelo cupim. Mexeu-se na cama para completar o breve exame do ambiente, seus olhos bem treinados logo lhe apontaram que a única saída daquele lugar era a porta e a janela que ficavam bem em frente à sua cama.<br /><br />Por instinto, levou a mão à coxa. O contato com o frio do metal lhe tranquilizou, a milícia não lhe deixaria armada, eram um bando de idiotas, mas longe de serem estúpidos. Verificou o tambor: seis balas; mais uma dúzia delas no coldre, não era o ideal para um confronto direto, mas o suficiente pra tentar fugir de onde quer que fosse. Balançou a cabeça como se aquele mero gesto fosse afastar o pensamento, funcionou. Sua mente ocupava-se agora em lembrar da noite anterior. Tinha bebido tanto assim?<br /><br /><b>- Mierda.</b> Sempre que estava irritada, a mulher usava o idioma de sua terra natal. Um branco total, não lembrava de absolutamente nada do que tinha feito na noite anterior; lembrava-se de ter alimentado seus cachorros pela manhã, de ter chegado as seis e meia da manhã no quartel, de lidar com as gracinhas dos novos recrutas e de ter controlado ao máximo seus impulsos para não trepar com o tenente Sales dentro do quartel. Mas dali em diante, suas lembranças estavam imersa em escuridão.<br /><br />Levantou-se da cama e percebeu que estava de botas, por mais bêbada que estivesse, ela odiava dormir calçada. -<i> Mas que porra?</i> - Pensou enquanto juntava as madeixas em um coque, ao menos, a sensação desconfortável melhoraria, embora o mormaço fosse infernal. Dirigiu-se a janela, procurando primeiro escutar. Nada, silêncio total, exceto um assobio distante provocado pelo vento. Empunhou a arma e destravou, abriu a janela devagar e teve que se segurar ao parapeito para não cambalear com a cena que seus olhos contemplaram.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-85533079238606723752010-08-22T01:50:00.002-03:002010-10-08T22:16:04.160-03:00~ Rotina<p align = "justify">O caminho era o mesmo, as pessoas também. Ela estava imersa em uma rotina confortável, que lhe deixava curiosamente feliz. Não sentia falta de nenhum dos seus fantasmas, muito menos se deixava abalar por aqueles que insistiam em bater a sua porta. Ela havia mudado de uma forma tão sutil, que nem mesmo se deu conta.<br /><br />E se o caminho era o mesmo, as pessoas também. Ela, já não era mais a mesma, estava um pouco mais imprudente em seus atos, não planejava muito, esperava acontecer; mas ela também estava muito mais resguardada, havia trancado o seu amor em uma caixinha minúscula, lá no fundo, pra que ele nunca mais pudesse escapar e deixar tudo uma verdadeira bagunça.<br /><br />Assim, ela seguiu em sua rotina, por meses, esquecida que tinha um coração que sabia amar, até que ele veio, e diferente das outras pessoas, ela notou aquela presença. Era quase como uma aura morna tocando sua pele apenas pela mera presença em uma mesma sala. Mais meses se passaram, continuava silente quanto ao que sentia, mas sentia uma estranha cumplicidade recíproca. Ela não podia estar tão enganada assim, poderia?Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-23121441198893633552010-06-09T21:25:00.003-03:002010-06-09T21:29:42.069-03:00~ É O Que Me Interessa<p align = "justify">A música estranha lhe penetrava os ouvidos, para ela, aquilo era quase como uma violação de seu corpo intacto. Não gostava de músicas estranhas, mais ainda, ela não gostava de estranhos. Nunca havia gostado deles, detestava o primeiro dia de aula, detestava a rua nova e a nova cidade; e, como não poderia ser diferente, detestou o ambiente de trabalho assim que pôs os pés naquela salinha envidraçada.<br /><br />Mas claro, com o passar do tempo, escolheu seus professores prediletos e aqueles coleguinhas que não eram estúpidos o suficiente e com os quais poderia travar algum diálogo. Começou a se sentir à vontade na cama nova e até gostar um pouco do seu chefe cheio de piadinhas sem graça, mas nunca imaginou que poderia se sentir tão melhor naquele ambiente do que se sentiu dias depois.<br /><br />Uma onda de calma e tranqüilidade lhe invadiu, mexeu consigo mais intensamente do que a ressaca mexe com as pedrinhas na beira da praia, lhe deixou inundada de um sentimento tão especial e estranho que ela mal sabe definir, mas lhe deixou também, mesmo sem saber, um pouco mais feliz, mais sorridente e, sem dúvidas, mais serena.<br /><br /><br /><p align = "center"><i>Me traz o seu sossego<br />Atrasa o meu relógio<br />Acalma a minha pressa</i>Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-19754423400862897122010-06-01T19:03:00.000-03:002010-06-01T19:04:19.729-03:00~ Colecionadora de Destroços<p align = "justify">Ela fechou fechou os olhos, tapou os ouvidos com tanta força que sua cabeça começou a doer brutalmente, mas eles continuavam lá, não havia providência que pudesse fazer aqueles fantasmas lhe deixarem em paz. Sempre fora assim, e sempre seria, desde que ela tomou ciência de si até o momento em que sua alma deixasse seu corpo, ela sempre seria uma mediadora, atormentada por fantasmas de seu passado, e pior: atormentada por fantasmas do seu presente, por gente que nunca conheceu e, como era estranho!, todos eles sabiam seu nome, seus segredos mais íntimos e seus pontos mais fracos.<br /><br /><br />E eles sabiam, de uma forma tão completa, que seu maior ponto fraco era ele. Para mantê-lo a salvo, ela abriu mão da esperança, do sonho, daquele sentimento tão nobre e puro que, atualmente, ela nem mais consegue pronunciar aquela palavra de quatro letras. Seus desejos foram despedaçados, destroçados e esquartejados, pedaços voam com o vento, outros, jazem nas profundezas do oceano, e, como se não fosse o bastante, parte deles foram lançados aos círculos mais baixos do inferno.<br /><br /><br />Aí você pode se perguntar: pra que isso? A resposta é simples: ela não perdeu a bravura da guerreira que foi um dia, é fato que ela ira perseguir seus sonhos até o seu tempo se esgotar, mesmo que não consiga ficar inteira novamente, ela não vai deixar que tudo simplesmente lhe escape pelos dedos.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-67092688714186583332010-02-27T00:27:00.002-03:002010-02-27T00:28:28.667-03:00~ Fórmulas Expressivas<p align = "justify">Sabe todos aqueles clichês que você vivia ouvindo as pessoas falando e fazia cara feia pra isso? Pois é, eu sou uma daquelas que virava a cara quando alguém dizia <i>Felicidade é igual a uma borboleta: quanto mais você corre atrás, mais ela foge... Daí um dia você se distrai e ela pousa em seu ombro!</i> ou alguma outra dessas frases prontas, mas hoje tenho que dar minha cara à tapa e dizer que sim, nossa vida é cheia desses clichês e é tão surreal quando você tem vontade de dizer isso.<br /><br />Claro que eu não direi, primeiro porque eu sou orgulhosa demais para isso, segundo porque acho brega e feio mas agora olho as pessoas que usam essas <i>fórmulas expressivas</i> com olhos mais benevolentes, por assim dizer; não me sinto mais inclinada a chamar alguém de estúpido por dizer uma frase dessas, afinal, nem todos conseguem de expressar tão bem com suas próprias palavras e isso é um fato. Eu, que tenho a escrita como uma de minhas paixões, nem sempre consigo expor o que sinto com palavras próprias, e vocês, minha cara meia dúzia de leitores, como diria um amigo, têm no texto antecedente um claro exemplo disso.<br /><br />Agora, para não começar a escrever balela demais, vou dormir, porque <i>Deus ajuda quem cedo madruga</i>.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-23914990522168621942010-02-06T12:41:00.002-03:002010-02-06T12:48:31.869-03:00~ Parafraseando<p align = "justify">"Não estou nos meus melhores dias. Ando descobrindo muita falsidade, mentira e interesse a minha volta. Muita coisa podre! Como sempre a vida me pregando peças e me derrubando, mas ainda não cansei de me levantar. Ando rodeado de pessoas que de certa forma me usam como uma escada para alcançar seus interesses, o ser humano é o animal mais podre que existe, é claro, existem as suas exceções. Hoje depois de tantas mágoas e decepções, nada mais me surpreende, o que me resta são apenas marcas e lugares para serem feitas novas cicatrizes.<br /><br />Nesses 20 anos é claro que tive muitos momentos felizes, não sou tão egoísta o bastante para negar, porém naquele momento as tristezas supriam qualquer momento de felicidade ou qualquer coisa que pudesse me trazer a felicidade. Hoje estou aqui, me sentindo excluído , não da minha vida familiar ou sentimental, mas em relação à meus amigos. Pessoas que prezo e que muitas vezes determinava meu tempo a eles, afim também de ter pilantras para me ajudar a permanecer em pé, no topo, como fui um dia para cada um.<br /><br />Preciso de um tempo sozinho, um tempo meu, para que eu possa colocar coisas pendentes no lugar. A vida sempre insiste em me dar muitas e muitas rasteiras. Muitas vezes fui julgado por coisas que eu não sou, ou por coisas que eu não fiz, normal... Mas isso vindo de uma pessoa que você respeita e sempre quis o melhor, machuca muito, principalmente quando você vê que anos de amizade estão se perdendo no tempo, se perdendo em outras pessoas...<br /><br />O Ser humano tem mania de não querer reconhecer seus erros por orgulho, ou até mesmo sempre querer serem os donos da verdade. Eu particularmente não sou assim, e me sinto feliz por isso. Sei muito bem reconhecer quando estou errado, mas também sei reconhecer quando estou certo, e aí vou tentar mostrar que estou até o fim. O problema é que a humildade nem sempre resolve as coisas. Eu sempre digo que uma conversa sensata é o melhor meio de chegar a alguma conclusão, mas nesse caso uma conversa poderia piorar a situação.<br /><br />Palavras e ironias machucam mais que um murro na cara, ainda mais ouvir isso de pessoas que você ama de verdade. Chega uma hora que você cansa e desiste de tentar. É aí que ficar sozinho acaba sendo a melhor saída, e o silêncio se encaixa melhor que frases.<br /><br />Melhores amigos vêm e vão, em nossas vidas. Alguns permanecem por muito tempo, e os que ficam não são por acaso, mas o triste é saber que um dia, mesmo esses que permaneceram, também se vão. Você não precisa se mudar de cidade, não ter tempo pra sair, ou até mesmo estar com outra pessoa para se sentir distante de um amigo, podemos sim, ter uma distância muito superior a isso estando com a pessoa ao lado e não sentir aquela presença de antes. É aí que você começa a perceber que as coisas mudaram e que nada mais é como antes. [...]"<br /><br /><br /><br />Esse texto não é meu, mas senti a necessidade de publicá-lo aqui por soar como tudo aquilo que tem se passado pela minha mente. Sem dramas, sem mimimis, apenas incompreensão.<br /><br /><p align = "center">Texto original: Vieira Neto<br /><a href="http://vieirinhaneto17.blogspot.com/2010/02/amigos-para-sempre-apenas-na-memoria.html">Amigos para sempre? Apenas na memória.</a>Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-39135714626915691602010-02-03T22:02:00.000-03:002010-02-03T22:03:24.685-03:00~ Playground<p align = "justify">Ela era mais baixinha que as outras crianças da sua idade, mas nunca deixou que aquilo lhe fizesse menor que os seus coleguinhas. Sempre ficava na frente das filas; por sua estrutura pequena, era uma das mais ágeis de sua turma, o que a fazia ser sempre uma das primeiras escolhidas quando seus amigos iam tirar o time para alguma brincadeira. Eu nunca pude falar com aquela garotinha de pouco menos de um metro e meio, mas ela me ensinou, no auge de sua alegria, que aquilo que os outros chamam de defeito pode se tornar sua melhor qualidade, desde que você saiba como agir.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-66752016097384505622010-01-27T01:31:00.003-03:002010-01-27T01:40:09.285-03:00~ Outonos<p align = "center">Convide-me está noite<br />Porque eu sei que pela manhã<br />Você terá ido embora<br /><br /><p align = "justify">Esse era o terceiro mês que eles se encontravam, sempre às oito da noite no parque da cidade. Ele a seguiu por dias, atraído por seu cheio e pela sua pele pálida que deixava tão visíveis suas veias e ela, sempre tão cuidadosa, andava pelos locais mais movimentados e iluminados; foi assim que ele a conheceu rapidamente de uma forma tão íntima, sabia seus gostos e vontades, como soava o barulho de sua respiração ao dormir e a melhor posição pra estudar. Com um arriscado plano se apresentou a ela, que não demorou a se encantar por sua maturidade e sapiência, ainda que tivesse um rosto tão belo e jovem. Tornaram-se amantes antes mesmo que a lua completasse uma fase, era um sentimento tão verdadeiro que ele não queria perdê-la, mas também não poderia enganá-la. Assim, contou-lhe sobre sua natureza noturna, a fez entender porque nunca a vira enquanto o sol estava brilhando no céu.<br /><br /><p align = "center">E desta vez<br />Minhas folhas não cairão<br />Não me sentirei tão vazia<br />Como eu me sentia<br />Em outros outonos<br /><br /><p align = "justify">Aquela havia sido a última noite a preceder todo um dia de espera, com um beijo, ele a manteve a seu lado por toda a eternidade, nas horas de luz ou de trevas, estariam lado a lado, como ficam os amantes. Seu corpo estava mudando, seus sentidos tornavam-se mais e mais aguçados, sua capacidade de percepção era gigantesca. Havia uma completude no modo como se olhavam e se orientavam em torno um do outro, ambos sentiam-se plenos novamente; ele, após séculos de vida tinha um bom motivo pelo qual ter morrido e ela encontrou uma razão para morrer.<br /><br /><p align = "center">Sua ausência sempre antecedeu<br />Meus invernos<br />Mas as minhas frágeis folhas<br />Desta vez não irão amarelar<br /><br /><p align = "justify">Os dias negros dele ficaram para trás, foram anos, décadas com o desejo de por fim a sua medíocre existência, assim como o coração dela não estava a ponto de se machucar novamente, como sempre acontecia a cada paixão que tinha. Estavam firmes e inteiros daquela forma: juntos.<br /><br /><p align = "center">Meu coração está maduro<br />A ponto de cair no chão<br />Entretanto ele se manterá firme<br /><br /><p align = "justify">O amor que nutriam um pelo outro foi crescendo e se solidificando com o passar dos dias, a eternidade parecia pouco para tanto que tinham a descobrir juntos. Não que ele pensasse sobre o futuro, mas se o fizesse se veria junto a ela, mais enraizados um dentro do outro do que uma árvore que se prendia à terra.<br /><br /><p align = "center">Minhas folhas só cairão<br />Quando eu estiver pronta<br />E eu não me sentirei tão vazia<br />Como eu me sentia<br />Em outros outonos<br /><br /><p align = "justify">Já ela, gostava de imaginar como seria com o passar dos anos. Era mais realista e monos utópica, talvez ainda muito atrelada a sua antiga humanidade sempre pensava que não seriam criaturas eternas e que um dia ela teria de deixar o mundo, mas tinha a certeza de que quando o fizesse, o faria ao lado dele e continuariam tão completos quanto estavam hoje.<br /><br /><br /><br /><p align = "center"><b>Música</b>: Outonos - Lebre de Março<br />Letra: Rafaela Cabral / Arranjo e Melodia: Anderson Aredes<br />Ouçam em: <a href="http://www.purevolume.com/lebredemarco">PureVolume</a><br /><br /><b>Texto:</b> Lena AraújoLena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-7484419907362403592010-01-20T12:06:00.000-03:002010-01-20T12:10:32.941-03:00~ Rastros<p align = "justify">Ela saiu, trancou a porta atrás de si, passou os dois cadeados no portão que nunca mais voltaria a destrancar. Partiu assim, de repente, sem maiores explicações ou motivos, simplesmente aconteceu, como uma insuficiência respiratória ou parada cardíaca. Uma partida tão natural que nada constava nos documentos expedidos após a violação de seu corpo, aquele recipiente que havia guardado seu espírito por tanto tempo.<br /><br />Mas dizer que ela havia desaparecido era um erro, aquela casa estava impregnada de seus rastros, a cada metro havia algo que lhe trazia à mente. A roupa suja jogada sobre o mármore frio do banheiro, a meia dúzia de copos meio cheios espalhados por cima dos móveis, a sala de televisão amontoada de jogos e filmes não guardados, as plantas que cresciam em cantos estratégicos da casa (mas ninguém sabia) e casa milímetro de seu quarto, tão impregnado por aquele cheiro doce e amadeirado, uma contradição por si só assim como ela mesma se enxergava na maioria do tempo. A pilha de livros que foram devorados duas ou três vezes por ela metodicamente organizados na estante, a cama bagunçada com um edredom meio amarrotado, as roupas jogadas em cima do sofá e os vidros de esmalte espalhados pelos cantos.<br /><br />Ela retornou, passou pela grade trancada deixando inviolados os cadeados que a trancavam e finalmente pode reparar o quão parecida consigo era aquela casa: espaçosa e vazia, cheia de uma vida pouco cuidada crescendo ao seu redor. Passou pelos cômodos, detendo-se em cada um deles por alguns instantes e fechando os olhos como se pudesse reviver momentos que não voltariam. Quando voltou ao seu quarto, encolheu-se na cama mas não sentiu o calor confortável do cobertor e foi quando olhou pro lado, para o porta retrato ainda vazio que ela percebeu: havia ido cedo demais.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-16689030179325400692010-01-16T02:41:00.002-03:002010-01-16T02:42:29.775-03:00~ Interrogação Cartesiana<p align = "justify">Ela nunca soube exatamente o que queria. Ele, sempre soube o que não queria. E assim, a vida de ambos se cruzavam de modo tão singular que nada na geometria poderia explicar. Enquanto ele a tangia em todos os pontos possíveis, não havia um só ponto na reta dele que a fosse comum. E assim, eles seguiram adiante daquela forma inexplicável, onde só uma das partes estava tangenciando a outra sem que a outra a fosse tocasse de volta.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-79405855628655982142010-01-12T01:08:00.000-03:002010-01-12T01:09:00.448-03:00~ Eu Lírico<p align = "justify">Não cabe aqui usar a terceira pessoa, como é de costume, porque isso não trata-se de uma crônica, uma situação, um sonho ou qualquer outra coisa que eu tenha sido registrada aqui. Trata-se, dessa vez, de sentimentos. Não que as postagens até aqui não estivessem repletas deles, sim, elas estavam e irão continuar estando; eu posso ter até emprestado alguns sentimentos próprios a essas linhas que ficaram para trás, mas agora, cada palavra, cada frase formada está transbordando desses malditos sentimentos que eu não consigo selar.<br /><br />Já tentei escrever outras coisas, ler, jogar, dormir e conversar, mas nada que eu possa fazer parece preencher esse vazio porque a única coisa que seria capaz de fazê-lo nesse instante eu sei que é impossível. Hoje, mais do que nos últimos dias, me sinto como uma criança que precisa de colo, tanto que passei a tarde na cama da mainha lendo enquanto ela via filme do lado, mas ainda sim não foi o suficiente pra preencher esse buraco.<br /><br />O dia parece mais frio – o que de fato está, mas desde quando essa sensação térmica foi do meu desagrado? Desde que tudo ficou mais vazio, mais quieto, mais sério, mais distante... <br /><br />Me sinto impotente diante de certas coisas ao mesmo tempo em que eu me sinto demais para elas, é como se eu pudesse controlar toda a água do mundo e tentasse apagar o incêndio de uma floresta que quer pegar fogo. Confuso, não? Eu também penso assim, penso demais até. Não paro de pensar um maldito segundo e tudo que eu mais desejo é que eu possa trancar novamente todas as malditas janelas da minha mente, selar as portas e cobrir as entradas de ar.<br /><br />Eu queria, só por hoje, ser uma personagem de algum desenho capaz de se teletransportar para outro canto, e que estivesse em seu dia de folga, sem se importar em salvar vidas ou até mesmo salvar o mundo. Odeio me sentir apegada, dependente, fraca, mas só por hoje, só por agora, eu preciso me dar a esse direito. Só por hoje eu queria um abraço apertado e um cafuné. Só por hoje eu queria uma segunda casa para onde eu pudesse fugir e comer chocolate. Só por hoje eu me permito ser meu próprio eu lírico.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-64312596648488752582010-01-11T23:44:00.002-03:002010-01-11T23:55:34.772-03:00~ A Novidade<p align = "justify">Quando resolveu fugir de seu reino, dos cuidados do atencioso pai, nunca passou por sua mente inocente que fosse parar naquela situação tão peculiar. Ao longe havia avistado os humanos, tão belos com suas silhuetas alongadas e levando a si mesmas para aqui ou ali, independente te ter uma corrente marinha à seu favor.<br /><br />A sereia invejava os humanos, mal sabendo da selvageria que eles eram capazes; mas se o tempo passar do pretérito para o presente, a oração tornar-se-ia falsa. Agora, com o medo estampado em sua bela face, ela enxergou o lado vil dos humanos, o lado que nunca teria de ver se tivesse permanecido em seu habitat, entre os seus.<br /><br />Não demorou muito até que a mídia tivesse conhecimento da situação e montasse seus aparatos eletrônicos naquela praia, mostrando a todo o país aquela peculiar novidade, que era alvo de flashes e da cobiça de pescadores, que perguntavam a si mesmos o quanto lucrariam com a venda da carne descamada da cauda daquela bela criatura.<br /><br />Enquanto isso, poetas, músicos, pintores e escultores tentavam captar da melhor forma a essência daquele ser, que não fora questionado uma vez sequer sobre seu bem estar, talvez por isso, ela desfalecera aos poucos, impossibilitada de caminhar e sem água para se locomover, cada instante que passava a deixava mais e mais desidratada. Por mais que desejasse ser livre e independente das correntes marinhas, não o seria naquele ambiente que lhe era inóspito.<br /><br /><br /><i>Texto baseado na música <a href="http://letras.terra.com.br/os-paralamas-do-sucesso/30124/">A Novidade</a> d'Os Paralamas do Sucesso.</i>Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-11016135918548753722010-01-06T12:28:00.001-03:002010-01-06T12:29:31.409-03:00~ Querida Desconhecida<p align = "justify">Existem alguns momentos na vida em que a realidade é tão dura que sonhar pode ser a única escapatória da loucura. Esse era um daqueles dias na vida da jovem, ela não era a mais bonita da turma nem a mais inteligente, mas tinha algo que a fazia ser querida por quase todos os da sua classe e ela se sentia feliz por isso. Sempre prestativa, fazia questão de ouvir os amigos nas horas de dificuldades e ajudá-los da forma que podia, e assim ela se tornou uma grande conhecedora daqueles que estavam lhe rodeando e até que ela era feliz assim, até aquele fatídico dia.<br /><br />Ela sentia-se triste e consumida, nada que o passar dos dias pudesse resolver, mas até lá ela ficava imaginando situações que talvez nunca fosse viver. Distraída em seus próprios sonhos, foi atravessar a rua para pegar o caminho para casa, mas naquele dia, nunca chegou a pisar na outra calçada. Não fora culpa daquele prudente motorista, ela entrou com tudo na frente do carro, houve quem falasse em suicídio, mas ela nunca faria aquilo consigo, amava demais a vida.<br /><br />Em poucos segundo havia dezenas de rostos conhecidos ou não em torno dela, e ela, que nunca fora o centro de todas as atenções, estava inconsciente de que agora o era. Não tardou para que os paramédicos chegassem, o sangue fora precariamente contido, mas não estancado, parte do asfalto estava vermelho e ela parecia mais pálida a cada instante. Quando os homens de branco a imobilizaram, viraram para os mais próximos, os que pareciam mais aflitos, aqueles que pareciam ser seus amigos.<br /><br />- <i>Sabem o tipo sanguíneo da garota? Ou se tem alguma alergia?</i> Perguntou aquele que parecia ser o chefe dos paramédicos.<br /><br />O grupo que observava encarou uns aos outros esperando por uma resposta que nunca veio. Mesmo depois de tanto tempo de convívio, deram-se conta que nada sabiam sobre ela.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-43017488992100812042009-12-29T08:20:00.002-03:002009-12-29T08:22:44.782-03:00~ De Volta à Sala de Espera<p align = "justify">Com a cabeça ainda meio tonta, ela voltou à sala de espera. Não tinha certeza de como proceder dali para adiante, só sabia que precisava esperar. Esperar era exatamente o que ela tinha feito pelos últimos meses, embora nem soubesse disso. Sentou-se em uma das cadeiras e apoiou a testa nas mãos, já cansada de olhar para o relógio desacelerado. Não sabe se dormiu ou simplesmente ficou ali tão imersa em seus pensamentos que não notou o sol ficar cada vez mais alto ou a intensificação do movimento por ali, o fato é que, quando despertou, assustou-se com a hora à sua frente. Passava do meio dia.<br /><br />Esfregou os olhos na intenção de manter-se desperta, vasculhou o ambiente ao redor: nenhum rosto conhecido, nada que pudesse fazer seu coração aquietar-se. Dirigiu-se à recepcionista pela qual começara a nutrir o mínimo de afeição.<br /><br /><i>- Oi...</i><br /><br /><i>- Olá. Você quer notícias no rapaz, não é? Tive pena de te acordar quando os exames ficaram prontos. Ele está bem, estável e fora de qualquer risco, passou pro quarto e já está até com visitas.</i><br /><br /><i>- Visitas...? Os pais dele já...</i> A confusão em sua face era palpável, mas aos poucos foi se lembrando de quantas caixas postais visitara na madrugada. Verificou as últimas ligações no celular e lembrou-se que não estava sonhando quando falara com aquela garota. <i>- Será que eu podia... em que quarto ele está?</i><br /><br />Orientada pela recepcionista, enfiou-se nos labirintos que eram aqueles corredores de iluminação fraca, quando chegou ao quarto indicado, um enfermeiro acabava de fechar a porta atrás de si, permitindo que a garota divisasse algumas silhuetas conhecidas e ouvisse meia dúzia de vozes animadas.<br /><br />Deu meia volta e viu-se novamente de frente a recepcionista que lhe encarou com um ar de dúvida e certo constrangimento; tudo estava tão legível assim nas suas expressões? Esperou que não, controlando-se para manter os fluídos dentro do seu corpo.<br /><br /><i>- Agora que ele está bem eu vou para casa descansar. Mais tarde eu ligo pra ter mais notícias. Desculpa... acho que ainda não perguntei o teu nome.</i> O cansaço em sua voz parecia mais forçado que o natural, ela odiava dar desculpas, mas odiava ainda mais sentir-se daquela forma.<br /><br />Guardou o papelzinho com nome e telefone no bolso da calça, acenou brevemente pra mulher e cruzou as portas do hospital, o coração continuava acelerado, todo o rosto formigava, mas ao menos ela sabia que o rapaz estava bem.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-62100611307075611742009-12-29T07:32:00.002-03:002009-12-29T07:36:21.599-03:00~ Observando Flores e Costurando Mágoas<p align = "justify">Um ano, sem um dia a mais ou a menos: esse foi o prazo que eu passei evitando uma pessoa. Hoje vejo que paguei um alto preço por isso, quantas outras amizades eu acabei por afastar? Quantas coisas que eu adorava eu deixei de fazer e agora eu me pergunto para que? Poderia ser pessimista e dizer: para nada, mas não; aprendi e amadureci um bocado com o que aconteceu, embora tenha tido essas perdas já citadas e tantas outras o saldo acabou sendo positivo.<br /><br />Muito me fez mal naquele relacionamento tão complicado, mas havia tanta alegria, sinceridade e cumplicidade que eu não posso me esquecer do quão bom era brigar por um copo roxo, cerrar os dentes até a dor de uma mordida ficar insuportável ou aquelas composições matinais malucas que rendiam boas doses de risadas aos outros.<br /><br />Nada vai voltar a ser como antes, nem de perto, creio eu, por mais que ambas as partes tenham cedido, por mais que, apesar de tudo, ainda exista aquela amizade e aquela preocupação com o bem estar. Mas há uma coisa que não consigo tirar de mente agora: Deus realmente dá com uma mão e tira com a outra?Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-6318643146494055812009-12-28T15:33:00.001-03:002009-12-29T07:36:38.605-03:00~ Sinestesia (II)<p align = "justify"> Se os olhos são as janelas da alma, o olhar é parte fundamental da mesma. Um único olhar é capaz de expressar emoções tão intensas que nem mil palavras seriam capazes de explicá-las; os olhos são incapazes de ficarem mudos, quando vemos algo, ainda que permaneçamos mudos, nosso olhar estará traindo esse silêncio que escolhemos travar.<br /><br />As cores sempre lhe transmitem algo – e não precisa estar relacionado a cromoterapia, é simplesmente uma questão pessoal. Vermelho, por exemplo, não me remete a paixão ou amor, e sim a desconforto, a uma inquietação desagradável e atormentante, talvez por isso pinte as unhas tão constantemente em algum tom rubro: para não esquecer o quão pior aquela situação poderia estar.<br /><br />Há também aquelas coisas que você vê e todos os outros sentidos começam a trabalhar mais intensamente, seja aquela pessoa que você não vê há tempos mas ainda faz seu coração palpitar como louco ou aquela maldita janelinha do comunicador instantâneo que insiste em subir na hora que você está prestando atenção.<br /><br />Por mais que tente fechar seus olhos, mudar o foco, tudo o que você não queria ver aparece à sua frente e, ainda que não veja, ainda restará quatro outros sentidos dispostos a brincar com suas emoções.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-22342327940406853962009-12-26T01:51:00.001-03:002009-12-26T01:52:35.017-03:00~ Você não me conhece, mas eu trago más notícias<p align = "justify">Os olhos dela estavam vermelhos, metade devido ao cansaço, metade devido às lágrimas que eram as únicas coisas capazes de amornar sua pele gélida. A noite estivera fria, assim como aquela manhã de céu claro estava; as nuvens passeavam despreocupadamente pelo céu mas ela não tentava achar formas no alto, ela tentava apenas manter o foco naquela sua prece pagã.<br /><br />As portas da sala de cirurgia foram abertas por volta das 3:40 da manhã, mas ela só viera a ter notícias concretas meia hora depois. Mesmo com todas aquelas séries médicas que ela assistia, o paciente estável e em observação podia morrer no final do episódio por uma complicação ou um detalhe que passou desapercebido por seus atendentes, por outro lado, pacientes com 5% de chances poderiam sobreviver apenas por serem protagonistas e era naquilo que ela pensava: o rapaz era um dos protagonistas daquele sonho e ele ficaria bem.<br /><br />A "missão" que protelara por tanto tempo precisava ser cumprida, sem números de telefone e aquela hora da manhã poderia se agarrar a uma possibilidade minúscula: não dizem que a internet encurta distâncias? Hoje, mais do que nunca, aquilo precisava ser verdade. Para por em prática o seu plano, precisou por o orgulho de lado e dirigir-se àquela recepcionista dos infernos.<br /><br /><i>- Eu preciso de um favor... O Doutor pediu que eu avisasse à família do rapaz sobre o que aconteceu, mas eles estão fora da cidade, não tenho outro meio de contato senão a internet. Teria algum canto assim por aqui que eu pudesse usar um computador?</i><br /><br />A mulher olhou demoradamente para a sua face, mas parecia menos rígida e mais compreensiva; a jovem pediu por favor que aquela impressão fosse concreta e, ao que parecia, as coisas estavam funcionando para o seu bem.<br /><br /><i>- Venha comigo...</i> Seguiu o encalço da mulher até que ela a conduziu a uma saleta com duas máquinas e um único funcionário. <i>- A garota vai usar um dos computadores.</i> Alertou ao homem. <i>- Seja breve. Foram suas únicas palavras antes de fechar a porta atrás de si.</i><br /><br />Enquanto esperava a conexão do mensageiro instantâneo, estralava freneticamente os nós dos dedos, esperando que aquele grupo de conversa esquecido pelo tempo fosse a salvação de seu plano mal elaborado. Mal elaborado não por não saber o que fazer, mas por não saber como fazer.<br /><br />Quando estava finalmente conectada deu último suspiro aliviado antes de dar o primeiro agoniado. Encarou a janela aberta por um longo momento até que seus dedos estavam certeiros demais no teclado, como se ela soubesse o tempo todo o que dizer, como se expressar.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-31475100615622243542009-12-25T14:33:00.000-03:002009-12-25T14:34:12.269-03:00~ Quase um segundo<p align = "justify">Se o tempo parasse naquele segundo para todas as outras pessoas e apenas você estivesse ciente do tempo muitas coisas poderiam ser evitadas. Se você tivesse mais tempo para repensar aquela jogada poderia ter mandado mais exércitos para as fronteiras e conseguiria conquistar a Europa; se tivesse analisado com calma o enunciado da questão, sua nota teria sido mais alta e você já estaria de férias e, principalmente, se tudo estivesse suspenso naquele instante, você poderia conjecturar todas as possibilidades e conseqüências que aquela frase que lhe parecia tão banal poderia desencadear.<br /><br />O fato é que suas ações, por mais racional que você possa ser, sempre serão fruto do momento, do impulso da ocasião ou daquele pensamento que te aconteceu repentinamente e o jeito é lidar com as futuras conseqüências, por menos trágicas que você possa sonhar que elas seriam. Mas você não é tão bom em pensar dessa forma e tudo o que faz é ficar remoendo o porquê de ter agido daquela forma, de não ter imaginado o que poderia acontecer...<br /><br />Aí você nota o quão tênue é a linha entre ação e reação, ato e conseqüência e tenta aprender um pouco mais com isso, ainda que sua cabeça e seu coração estejam brigando loucamente com você.<br /><br /><p align = "center">A vida sem freio me leva, me arrasta, me cega<br />No momento em que eu queria ver<br />O segundo que antecede o beijo<br />A palavra que destrói o amor<br />Quando tudo ainda estava inteiro<br />No instante em que desmoronou<br />Palavras duras em voz de veludo<br />E tudo muda, adeus velho mundo<br />Há um segundo tudo estava em pazLena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-53791588105442767652009-12-24T20:21:00.003-03:002009-12-24T20:47:03.229-03:00~ All my love<p align = "center">Love is taking me by inside<br />And changing all my mind<br />I'm breaking out the fear of facing<br />The wish of my heart<br /><br />You're the reason of my breath<br />The cause my blood runs fast<br />My senses take me to your path<br />I know, you're all in my head<br /><br />To the stars, I'll take you,<br />For your dreams, I'll make you happier<br />With me, cause you're the one I want<br />To give, all my love.<br /><br />I'll lay your head on my shoulders<br />With my arms I'll hold you closer<br />I'll make shiver with my caress<br />The wish of my heart<br /><br />With my plays, make you smile<br />Touch your hair, watch your eyes<br />Take you to a place that just only we could be<br />That's true, I'm loving you<br /><br />I'm sorry but now I can't let you escape<br />I'll grab your hand and take you far away<br />I'll show my love and make you smile<br />And make you put out what you feel inside<br /><br /><br /><br /><p align = "justify">Inglês fodido demais? Provavelmente. Me veio na cabeça agora, sem significados ou direcionamentos.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-17077739931069683422009-12-24T06:50:00.001-03:002009-12-24T06:50:47.811-03:00~ Sala de Espera<p align = "justify">Por mais que ela corresse, parecia que nunca ia alcançar as portas daquele hospital. Os poucos metros que as separavam do estacionamento foram cruzados em segundos, mas que, para ela, pareceram horas. Os olhos vermelhos e úmidos vasculharam brevemente a recepção, mas o que raios ela estava querendo achar por ali? O telefonema fora claro, o acidente tinha sido grave; no caminho ela passara pela cena do ocorrido e o carro, meu Deus, mais parecia uma bola de ferro retorcido, ela não o ia encontrar na recepção, não hoje.<br /><br /><i>- Por favor, o garoto que sofreu o acidente! </i> Reivindicou junto à recepcionista, os sinais de sono haviam sumido da sua face, embora o cabelo desgrenhado e uma roupa meio amarrotada que fora vestida as pressas denunciava que há instantes atrás ela dormia.<br /><br /><i>- Você é parente? </i> Respondeu à jovem com outra pergunta. De que adiantaria saber disso agora? Se ela o procurava era porque o conhecia, o mínimo que podia fazer era informar-lhe algo, depois reclamam da burocracia judiciária mal sabendo que os maiores perrengues da sociedade são enfrentados entre aquelas paredes brancas e bem conservadas.<br /><br /><i>- Não... </i> Sua voz era vaga, era como se faltasse alguma coisa naquilo tudo. - Mas me avisaram, me ligaram há pouco, eu... eu não sei! Só diga algo, por favor. Suas últimas palavras saíram engasgadas devido a tentativa de reprimir um choro iminente.<br /><br /><i>- O rapaz está no Centro Cirúrgico, por enquanto é o que posso lhe dizer. Você espera, se quiser, ou liga pela manhã para ter notícias, é um procedimento longo. </i><br /><br /><i>- A senhora está sugerindo que eu vá para casa e fique pacientemente esperando por notícias? </i> A jovem surtou, chamando atenção dos poucos que estavam na Recepção e de um senhor de branco, um médico.<br /><br /><i>- O que sucede? </i> Indagou ele com uma voz pacífica, mas muito rígida,<br /><br /><i>- A garota... quer notícias do rapaz que sofreu o acidente. </i> Esclareceu a recepcionista.<br /><br />Era apenas impressão ou o rosto do médico havia se tornado mais tenso? Ela não teve tempo pra pensar sobre isso, porque ele finalmente lhe deu as notícias que tanto queria saber - mas que nunca gostaria de ter escutado.<br /><br /><i>- Ele está sendo operado agora, os danos estão sendo revertidos com sucesso, mas não deixa de ser uma cirurgia delicada com um pós operatório difícil. Mas não é tempo de pensar nisso agora, reze pelo sucesso da intervenção que dar tempo ao tempo é o melhor a se fazer nessa situação. </i> O toque firme que deu no ombro da jovem foi quase confortante. <i>- À propósito, você tem como avisar a família? </i><br /><br /><i>- ... </i><br /><br /><i>- Menina? </i><br /><br /><i>- ... eu não sei, estão fora da cidade, não sei como faria isso, mas vou tentar. </i> Como dizem , notícia ruim corre depressa, ela sabia como chegar, cedo ou tarde, em seus parentes, mas a questão era: como dar a notícia?<br /><br />Mais meia dúzia de chamadas sem resposta. As pessoas precisavam mesmo silenciar o telefone antes de dormir? E se acontece algo como... aquilo? Ela tentava filtrar os pensamentos, concentrando-se em deixar uma mensagem concisa em cada caixa postal para a qual fora direcionada; não sabia porque estava fazendo aquilo nem se era o certo, estava perdida em uma recepção, com um copo de café ao seu lado.<br /><br />O relógio parecia marcar sempre a mesma hora, os ponteiros sonolentos se moviam preguiçosamente frente a seus olhos até que ela, por fim, levantou-se; não agüentava mais ficar parada, sentada, inútil, sem nada que pudesse fazer diante daquela situação. Mas não era assim que as cosias haviam funcionado?<br /><br />Levantou os olhos, fitando à cruz que se erguia imponente presa à parede, Nunca fora de se apegar a santos, embora nunca tenha deixado de ter fé em um algo maior e, naquele momento, todas as barreiras foram deixadas para trás. Uma prece silenciosa foi dirigida aos céus, se de lá havia saído um dia, talvez, bem talvez, ainda tivesse o mínimo de prestígio por lá.<br /><br />Voltou a sala de espera, o ponteiro do relógio havia avançado alguns espaços, mas tudo parecia da mesma forma: a mulher sentada atrás da mesa digitando alguma coisa, o céu escuro lá fora e uma agonia no peito que há tento tempo conhecia e não ia atenuar, só piorar, enquanto estivesse naquela sala de espera.Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-45846089591440841142009-12-22T11:58:00.001-03:002009-12-22T12:04:34.635-03:00~ A Perfeita Combinação<p align = "justify">Sabe quando você quer muito fazer alguma coisa e nada flui? Alguns chamam de falta de criatividade, decadência poética ou mesmo dizem que travou; eu, no entanto, acredito ser menos que isso e, na verdade, muito mais que isso. Vejo o fato como a ausência e esse é o pior sentimento que pode haver dentro de alguém, porque quando ele está lá, não há nada mais, não há as borboletas alçando vôo dentro do estômago ou aquele nó na garganta que você tenta engolir a qualquer custo; há apenas um buraco negro e quanto mais você cai, mais longo fica.<br /><br />E esse sentimento vai te corroendo aos poucos, vai se transformando em outros sentimentos, e vai tomando proporções inimagináveis. É uma vontade de estar perto, sem estar, de querer, sem poder. E mesmo a gente tendo ciência de que para estar perto não precisa estar do lado, mas do lado de dentro, nunca é a mesma coisa, que um abraço apertado, que uma voz amiga, que um sorriso sem esforço. A tecnologia bem que tenta diminuir essa distância, essa ausência, mas por mais que exista telefone, MSN, Orkut, Twitter... Eles servem apenas para aumentar mais o nosso círculo de amigos, e alimentar mais ainda a fome da ausência.<br /><br />Mil palavras digitadas nunca vão suprir um toque, um abraço. Por mais que você acabe reconhecendo a entonação daquele que está do outro lado da tela nas palavras escritas, aquilo não está nem perto de suprir a ausência que se sente e aí, é nessas horas, que é preciso se agarrar ao passado. Há quem diga que “quem vive de passado é museu”, mas se é para preservar as boas recordações, porque não? Por mais que se trabalhe nesse sentido, o dia de amanhã nunca será igual aquele dia há meses atrás, os sentimentos são outros, as pessoas já não são mais as mesmas, eu já não sou mais a mesma de duas horas atrás.<br /><br />As pessoas vivem em constante mudança, o mundo vive em constante mudança. As coisas mudam em uma velocidade que não se pode imaginar. Um rio não é o mesmo de há uma hora atrás, as águas que passam por ali não são as mesmas, ela vive em constante circulação. É como diz o ditado, “Águas passadas não voltam” [ou é assim, ou alguma coisa parecida, rsrsrsrs]. Então temos que aproveitar o momento, porque não existem momentos iguais. Até irmãos gêmeos não são os mesmo, por mais parecidos que sejam. Não existem duas coisas iguais neste mundo.<br /><br />Acho que o ditado seria “Águas passadas não movem moinhos”, embora o sentido seja mais ou menos o mesmo! Nesse mundo, nada é igual, acho que por isso, eu não acredito em almas gêmeas, mas acredito em almas complementares, aquelas que sabem o que a outra precisa sem nem perguntar, por isso, encerro de uma forma mais do que esperada de nossa parte: musicalmente:<br /><br /><p align = "center"><i>"Os opostos se distraem.<br />Os dispostos se atraem"</i><br /><br /><p align = "left"> Por Lena Araújo e Viera NetoLena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-87357574330884229502009-12-22T10:15:00.001-03:002009-12-22T10:17:15.697-03:00~ Metaforizando<p align = "center">E as estrelas<br />Tão cansadas de brilhar<br />Recolheram-se com o ocasoLena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8394686051181348198.post-10335967757027388982009-12-20T14:07:00.001-03:002009-12-20T14:09:27.789-03:00~ A Estrela Perdida<p align = "justify">Parece que eu te conheço há anos! Quem nunca disse – ou ao menos pensou – algo do gênero que atire a primeira pedra, eu mesma já havia dito essa frase um par de vezes, mas nunca com um significado tão completo quanto aquele com a qual foi proferida ontem a noite. Não é só uma questão de gostos semelhantes, mas se trata daquela conversa que flui tão naturalmente e daquele silêncio que é tão confortável que você não se incomoda em vasculhar sua mente atrás de alguma coisa <i>Cult</i> pra falar.<br /><br />Trata-se de quando, mesmo com vento forte, a chuva não parece tão gélida; e como é maravilhoso um banho de chuva! Por falar em chuva, devo fazer um parêntese para citar o céu de ontem a noite, que mais parecia em tapete negro salpicado de estrelas. Se trata de quando, entre dezenas de estrelas, a mesma é escolhida quase que simultaneamente.<br /><br />Posso estar enganada, mas creio que além de todas aquelas estrelas que havia no céu ontem a noite, eu encontrei mais uma das minhas <i>estrelas terrestres</i>!Lena Araújohttp://www.blogger.com/profile/08788768015817627156noreply@blogger.com0