Aquelas presenças estranhas já haviam se tornado familiares para a garota. No começo, ela tentou exorcizá-los, mante-los longe protegendo a si e a sua casa, mas nada parecia surtir um efeito muito concreto. Quando ela já estava esgotada eles iam embora e ela seguia com sua vida, quase acreditando que era como qualquer outra da sua idade. Vã ilusão. Eles voltavam, e voltavam renovados, cheios de novidades que jogava descuidadamente sobre ela.
E ela era só uma humana. Ok, ela não era uma humana comum, mas não tinha superpoderes nem nada do gênero, só uma sensibilidade maior para as coisas que estão perambulando entre o inferno e o céu. Às vezes, ela até gostava daquilo, porque, digamos que sua sensibilidade era um tanto quanto mais abrangente e, se pudesse escolher, ela era hipócrita dizendo que deixaria tudo de lado.
Tudo aquilo tinha uma série de contras, mas ela adorava os prós! Talvez por isso, aprendeu a conviver com seus inquilinos, já não se incomodava d dividir um quarto e uma sala, desde que eles mantivessem o mínimo de discrição quando havia gente tangível por ali. Sendo bem sincera, ela até que gostava daquelas companhias estranhas; havia desistido de exorcizá-los, mas nunca venderia sua alma, principalmente agora que sabia que não eram só os demônios que estavam interessados nesse tipo de negócio.
Vil essa dor que ninguém vê
Anil era a cor que mudou de acordo com o que você sentiu.