A música estranha lhe penetrava os ouvidos, para ela, aquilo era quase como uma violação de seu corpo intacto. Não gostava de músicas estranhas, mais ainda, ela não gostava de estranhos. Nunca havia gostado deles, detestava o primeiro dia de aula, detestava a rua nova e a nova cidade; e, como não poderia ser diferente, detestou o ambiente de trabalho assim que pôs os pés naquela salinha envidraçada.
Mas claro, com o passar do tempo, escolheu seus professores prediletos e aqueles coleguinhas que não eram estúpidos o suficiente e com os quais poderia travar algum diálogo. Começou a se sentir à vontade na cama nova e até gostar um pouco do seu chefe cheio de piadinhas sem graça, mas nunca imaginou que poderia se sentir tão melhor naquele ambiente do que se sentiu dias depois.
Uma onda de calma e tranqüilidade lhe invadiu, mexeu consigo mais intensamente do que a ressaca mexe com as pedrinhas na beira da praia, lhe deixou inundada de um sentimento tão especial e estranho que ela mal sabe definir, mas lhe deixou também, mesmo sem saber, um pouco mais feliz, mais sorridente e, sem dúvidas, mais serena.
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
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