terça-feira, 12 de janeiro de 2010

~ Eu Lírico

Não cabe aqui usar a terceira pessoa, como é de costume, porque isso não trata-se de uma crônica, uma situação, um sonho ou qualquer outra coisa que eu tenha sido registrada aqui. Trata-se, dessa vez, de sentimentos. Não que as postagens até aqui não estivessem repletas deles, sim, elas estavam e irão continuar estando; eu posso ter até emprestado alguns sentimentos próprios a essas linhas que ficaram para trás, mas agora, cada palavra, cada frase formada está transbordando desses malditos sentimentos que eu não consigo selar.

Já tentei escrever outras coisas, ler, jogar, dormir e conversar, mas nada que eu possa fazer parece preencher esse vazio porque a única coisa que seria capaz de fazê-lo nesse instante eu sei que é impossível. Hoje, mais do que nos últimos dias, me sinto como uma criança que precisa de colo, tanto que passei a tarde na cama da mainha lendo enquanto ela via filme do lado, mas ainda sim não foi o suficiente pra preencher esse buraco.

O dia parece mais frio – o que de fato está, mas desde quando essa sensação térmica foi do meu desagrado? Desde que tudo ficou mais vazio, mais quieto, mais sério, mais distante...

Me sinto impotente diante de certas coisas ao mesmo tempo em que eu me sinto demais para elas, é como se eu pudesse controlar toda a água do mundo e tentasse apagar o incêndio de uma floresta que quer pegar fogo. Confuso, não? Eu também penso assim, penso demais até. Não paro de pensar um maldito segundo e tudo que eu mais desejo é que eu possa trancar novamente todas as malditas janelas da minha mente, selar as portas e cobrir as entradas de ar.

Eu queria, só por hoje, ser uma personagem de algum desenho capaz de se teletransportar para outro canto, e que estivesse em seu dia de folga, sem se importar em salvar vidas ou até mesmo salvar o mundo. Odeio me sentir apegada, dependente, fraca, mas só por hoje, só por agora, eu preciso me dar a esse direito. Só por hoje eu queria um abraço apertado e um cafuné. Só por hoje eu queria uma segunda casa para onde eu pudesse fugir e comer chocolate. Só por hoje eu me permito ser meu próprio eu lírico.